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Saúde e bem-estar: Como ter uma gordura saudável?

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Sua gordura corporal está em forma? Pode estar, se você começar ou continuar a se exercitar, de acordo com uma nova ciência animadora que mostra que ser fisicamente ativo causa alterações moleculares, de maneiras que melhoram a saúde da gordura. Com amplas implicações para o estado de nosso metabolismo, músculos e até mesmo quão bem nossos corpos lidam com a temporada de gula nas férias.

Muitas pessoas não sabem que a gordura corporal pode ser metabolicamente saudável – ou o contrário – não importa o peso ou a forma de alguém. “Gordura saudável não tem a ver com a quantidade de gordura que alguém carrega”, disse Jeffrey Horowitz, professor da Universidade de Michigan, que estuda exercícios físicos e metabolismo. Tem a ver com o quão bem essa gordura funciona. “Uma pessoa que tem gordura saudável está muito melhor do que alguém com o mesmo porcentual de gordura corporal cuja gordura não é saudável.”

O que diferencia a gordura saudável da disfuncional é o tamanho das células de gordura. “Quanto menores as células de gordura, melhor”, diz Horowitz. E você não precisa perder peso ou gordura para deixar mais saudável metabolicamente a gordura corporal que já tem. Células de gordura grandes já estão cheias de gordura. Não conseguem armazenar muito mais e tendem a vazar parte de seu conteúdo na corrente sanguínea como ácidos graxos. A partir daí, os ácidos graxos se espalham e se alojam em outros órgãos, como coração, músculos ou fígado. Fígado, músculos ou coração gordurosos são indesejáveis.

Células de gordura pequenas, por outro lado, podem se expandir, basicamente sugando a gordura do sangue. É melhor que a gordura fique dentro das células de gordura. Células de gordura saudáveis também contêm mitocôndrias ativas, os centros de energia de qualquer célula. As mitocôndrias convertem oxigênio e alimentos em energia celular. Em geral, quanto mais mitocôndrias, mais saudável e resistente será qualquer célula, inclusive as de gordura.

Por fim, o tecido adiposo saudável está repleto de vasos sanguíneos, para transportar oxigênio e nutrientes para as células adiposas, juntamente com batalhões de outras células, a maioria relacionadas à imunidade, que ajudam a combater a inflamação. Sem suprimento de sangue suficiente e proteção imunológica, o tecido adiposo geralmente fica inflamado e com cicatrizes e libera substâncias na corrente sanguínea que iniciam inflamações semelhantes e prejudiciais em outras partes do corpo, mesmo em pessoas que não estão acima do peso.

Até recentemente os cientistas não tinham certeza se ou quanto nossa gordura poderia mudar. Ou seja, eles sabiam que o tecido adiposo saudável poderia se deteriorar, preenchendo-se com células grandes e permeáveis, mitocôndrias disfuncionais e inflamação. Mas ainda não está claro se esse processo pode reverter ou ser retardado. Alguns estudos recentes com roedores foram encorajadores, sugerindo que animais fisicamente ativos abrigavam gordura corporal metabolicamente mais saudável em comparação com roedores sedentários, mesmo que todos estivessem acima do peso padrão de roedores.

Mas não somos ratos de laboratório e muitas questões sobre a maleabilidade da nossa gordura corporal ainda não têm resposta. Um estudo publicado em junho trouxe vislumbres de clareza. No estudo, pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, fizeram biópsia da gordura abdominal de homens jovens e sedentários, homens sedentários mais velhos e homens mais velhos fisicamente ativos, a maioria deles ciclistas frequentes e de longa data.

As células de gordura dos homens mais velhos e sedentários mostraram uma saúde mitocondrial relativamente ruim, com menos mitocôndrias do que na gordura dos homens jovens. Mas as células adiposas dos homens fisicamente ativos continham muitas mitocôndrias, mais ainda do que no tecido adiposo dos jovens, de modo que suas células adiposas, em geral, eram mais bem supridas de energia. O tecido adiposo também mostrou menos sinais de inflamação incipiente do que a gordura dos homens inativos, independentemente da idade. “O treinamento físico significou mais mitocôndrias com funcionamento melhor e, em essência, gordura mais saudável”, observou Anders Gudiksen, professor de biologia celular da Universidade de Copenhague, que liderou o estudo.

Nunca é tarde para começar

Mas para qualquer pessoa que não tenha tido a ideia de ser ciclista a vida inteira, outro novo estudo oferece esperança de que começar a se exercitar agora, não importa quão sedentário você possa ser, pode melhorar rapidamente a forma física de sua gordura. Para o novo estudo, publicado no Journal of Physiology e supervisionado por Horowitz, os pesquisadores fizeram biópsia de tecido adiposo de 36 homens e mulheres sedentários com obesidade e, em seguida, pediram que andassem de bicicleta ergométrica em ritmo moderado por 45 minutos ou mais intensamente por 20 minutos, quatro vezes por semana, durante 12 semanas.

As dietas dos voluntários foram cuidadosamente monitoradas, para que não perdessem peso. Caso contrário, disse Horowitz, as mudanças poderiam ocorrer por perda de peso, não por exercício. Mas, mesmo sem perder peso, os voluntários que se exercitaram ainda transformaram sua gordura. E acabaram com substancialmente mais células de gordura pequenas, bem como mais capilares para nutrir essas células. Seu tecido adiposo também continha menos marcadores bioquímicos de inflamação e menos sintomas de cicatrização ao redor das células adiposas.

Esses efeitos foram observados, quer os voluntários fizessem exercícios moderados ou intensos. No curto prazo, essas alterações devem deixar o tecido adiposo mais capaz de absorver e armazenar qualquer excesso de calorias que alguém ingere com grandes refeições durante as férias, disse Horowitz, um cenário que não significa necessariamente ganho de peso. Essa gordura costuma ser armazenada temporariamente, e logo é convertida em energia para outros tecidos, como os músculos. Mas, enquanto isso, é melhor armazenar essa gordura nas células adiposas, não no fígado ou nas artérias.

As implicações de longo prazo do exercício e da gordura giram em torno da inflamação, lembrou Horowitz, e se e como a gordura metabolicamente saudável contribui para um corpo metabolicamente saudável, mesmo se as pessoas tiverem obesidade. Precisamos de mais pesquisas para entender completamente o que constitui a gordura saudável, completou ele, e os tipos e quantidades de exercícios que melhor a geram ou mantêm. Mas já parece claro, para ele, que o movimento beneficia a gordura, assim como o restante do seu corpo, oferecendo mais um motivo para você pedalar, caminhar, correr, nadar ou fazer qualquer outro exercício físico hoje.

Fonte: Estadão

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