Por Lucas Costa Beber.
Desde setembro do ano passado, sabíamos que estávamos diante de uma safra desafiadora, e que esse problema traria reflexos para o crédito posteriormente. Naquele momento, o Ministro da Agricultura não se cansava de fazer discursos recheados de promessas, do tipo: “agiremos antes do problema se instalar”; “o presidente Lula determinou que não deixemos chegar a um estágio de necessidade de nova securitização”; “nunca antes na história deste país se discutiu soluções antes do final da safra”; “vamos disponibilizar crédito para corrigir o fluxo de caixa dos produtores”.
No final de fevereiro, a estratégia de ‘entregar grandes promessas’ chegou a outro patamar: o então secretário de política agrícola, em suas andanças pelos municípios do interior, chegou a cravar a taxa de juros do propagado crédito de capital de giro, algo em torno de 8% ao ano. O que vimos na verdade foi uma resolução que permitia o alongamento de parcelas de investimentos do crédito rural, mas nada de solução para o fluxo de caixa. Além disso, esqueceram de elucidar para a equipe econômica que boa parte dos investimentos são captados como Finame e, portanto, não são considerados crédito rural, resultando em uma ação com impacto ínfimo diante do problema.
Depois veio a linha de crédito em dólar, prometida como a solução para os problemas da agricultura. O que vimos foi uma taxa de juros altíssima, maior inclusive do que as linhas ofertadas por bancos privados. Aí veio a compra do arroz, um fiasco monumental. A montanha pariu mais um roedor. Para explicar a presepada, o ministro alegou que foi isso que o presidente determinou. Sim, é claro que o Ministro deve seguir as orientações do Chefe do Executivo, porém cabe a ele colocar os contrapontos, mas ele insiste na sua estratégia de: sorria e acene, sorria e acene…
Agora o Ministro anuncia em uma semana que a divulgação do Plano Safra será em Rondonópolis, depois que será em Brasília dia 26, depois que foi adiado para fazer uma bonita festa para a mídia. Confuso, não?! Quando fala é interrompido por seus pares, sorri amarelo e acena, apenas sorri e acena. O Plano Safra, ele precisa saber, não é uma bondade de governo, mas o cumprimento da política agrícola nacional. Não é um parque de diversões ou um programa anual de autopromoção, é o atendimento de uma obrigação que ele aceitou junto com o cargo.
Adiar a publicação do Plano Safra tem uma série de implicações, passa uma mensagem ruim para o mercado, sendo precificado pelo crédito rapidamente. Esperamos que o ministro ouça o setor produtivo, que deixe suas preferências de lado e aceite sentar-se com todos. Que não invista seu tempo enviando alfinetadas para parlamentares da bancada ruralista e que cumpra com os ritos normais do Ministério. Quem quer que ele seja.
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