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MBL dá lição ao bolsonarismo com criação de partido próprio

O bolsonarismo é, obviamente, um movimento maior do que o Movimento Brasil Livre (MBL). São os apoiadores de Jair Bolsonaro que rivalizam nas ruas e nas urnas com os lulistas desde 2018. Mas a iminente criação do partido Missão é uma demonstração contundente da força do MBL, principalmente diante da tentativa frustrada de fundar o Aliança pelo Brasil.

Mesmo com todo o apoio popular a Bolsonaro, o projeto do partido genuinamente bolsonarista não conseguiu reunir no tempo necessário nem a metade das 492 mil assinaturas exigidas à época — o MBL conseguiu mais do que as 547 mil demandadas.

O insucesso do Aliança talvez seja um reflexo natural do discurso antissistema do bolsonarismo, que não dialoga com a criação de estruturas formais — sem falar na falta de articulação c competência. A consequência disso é reforçar outra característica (não propagandeada) da família Bolsonaro: a dependência disfarçada do sistema que alega combater.

Sem partido próprio, Bolsonaro se jogou nos braços de Valdemar Costa Neto, que, semana sim, semana não, se vê forçado a desmentir algo que disse e desagradou os aliados do ex-presidente — além de tudo, o presidente nacional do PL carrega a condenação pelo mensalão petista junto com o novo discurso de “conservador”.

Horizonte

Já o MBL, que perdeu a adesão conquistada na militância pelo impeachment de Dilma Rousseff ao deixar de ser encarado apenas como um movimento contra o PT — pelas críticas ao governo de Bolsonaro, cujo apelo popular nasceu na mesma época —, abre um horizonte de pureza com a perspectiva de fundação de um novo partido.

Seu caminho será muito mais difícil que o dos bolsonaristas, porque o partido dependerá do desempenho eleitoral para se manter, e ainda sem acesso ao bilionário fundo partidário, mas a empreitada nasce sem as cicatrizes e amarras impostas por legendas com passado duvidoso.

Futuro presidente do partido e possível candidato à Presidência da República, Renan Santos disse, em entrevista ao Meio-Dia em Brasília, que a falta de dinheiro será compensada por empenho e tecnologia, que é o que, segundo ele, permitiu ao MBL reunir mais de 500 mil assinaturas.

Militância e tecnologia

“A gente vai ter uma coisa que os nossos adversários não têm, que é uma militância férrea, jovem, inteligente”, disse Renan, para quem o MBL conversa com “os formadores, as pessoas com melhor formação, as pessoas que costumam virar os votos das demais”.

“Se você fala primeiro para os formadores, esse tipo de coisa costuma se radiar de cima para baixo, e eu não preciso comprar o voto desses formadores ou impressionar eles com barulhos e musiquinhas e jingles. A gente precisa apresentar ideias naturalmente, então o objetivo vai ser fazer a coisa como era feita antigamente, mas com tecnologia. Nós vamos rodar o Brasil, vou visitar o maior número possível de municípios, vou em todas as rádios possíveis, vou gravar vídeo em todas essas cidades, mas com Starlink e com um sistema de cadastro e de conversa com a militância, para formar a maior militância possível de um candidato nas eleições de [20]26. Isso vai compensar o dinheiro. O destino dirá, mas o destino foi bacana conosco no processo de formação do partido, usando a mesma estratégia, e não será diferente agora”, garantiu o fundador do MBL.

Depois do parecer favorável do Ministério Público Eleitoral (MPE) à criação do Missão, fica mais difícil duvidar.

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