As 12 candidaturas anunciadas ao Palácio do Planalto têm a participação oficial de 25 das 32 legendas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), distribuídas em coligações ou chapas únicas. Outras seis declararam apoio a algum nome. Apenas o PCO não estará em nenhum palanque para presidente.
Essa divisão, no entanto, não se reproduz de forma uniforme regionalmente, segundo análise feita pelo g1 a partir dos dados de 219 nomes aos governos dos estados e do Distrito Federal.
As informações foram obtidas junto aos próprios partidos e nas atas das convenções entregues à Justiça Eleitoral e levam em conta tanto as alianças formalizadas em coligações quanto apoios declarados até a última sexta-feira (12).
O cenário ainda pode mudar. Os partidos têm até esta segunda-feira (15) para registrar as candidaturas. E uma das presidenciais, por exemplo, ainda não havia sido oficializada até a publicação desta reportagem: a de Eymael (DC). Além disso, uma outra, a de Pablo Marçal (Pros), foi lançada por uma ala do partido que perdeu o controle da legenda por decisão liminar.
Em muitas campanhas, legendas adversárias na eleição presidencial vão pedir votos para os mesmos candidatos a governador. Então, se na corrida para presidente da República a maioria das conexões aparecem geralmente dentro do mesmo espectro político, nos estados, isso vira um emaranhado, com coalizões formadas inclusive com partidos rivais. (veja o gráfico acima)
Um exemplo inusitado que explica como as costuras estaduais seguem uma lógica própria ocorre no Amapá, onde Clécio Luís (Solidariedade) disputa o governo do estado apoiado tanto pelo PL, de Bolsonaro, quanto pelo PT, de Lula, e o PDT, de Ciro Gomes.
Essa aparente incoerência entre as alianças dos partidos, comum também em eleições anteriores, se explica, em parte, por conta da extensão territorial do país e a sua diversidade inerente, que impactam nas realidades e interesses regionais.
“Os estados brasileiros têm características que não necessariamente correspondem ao ponto de vista da política em nível nacional e é por isso que esse tipo de aliança, que parece incongruente, acaba acontecendo”, explica Cláudio Couto, professor de ciência política da FGV-EAESP.
Veja a situação detalhada de cada candidatura à Presidência da República, em ordem alfabética:
Ciro Gomes (PDT)
O ex-ministro da Fazenda e ex-governador do Ceará Ciro Gomes está na sua quarta tentativa ao Palácio do Planalto, desta vez numa chapa pura: ele terá como vice Ana Paula Matos (PDT), atual vice-prefeita de Salvador. Embora não tenha formalizado coligação nacional com nenhum partido, o PDT tem aliança nos estados com partidos de 6 chapas adversárias na disputa da Presidência: Lula, Bolsonaro, Simone Tebet, Eymael, Pablo Marçal e Soraya Thronicke.
Ligações, nos estados, dos partidos da chapa de Ciro à Presidência — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Eymael (DC)
Pelo Democracia Cristã, José Maria Eymael disputa a Presidência pela sexta vez. Sem coligação nacional, a legenda estará nos palanques estaduais de partidos que estão em 6 chapas adversárias: Bolsonaro, Lula, Ciro, Simone Tebet, Felipe D’Ávila e Soraya Thronicke. O candidato a vice-presidente, segundo assessoria de imprensa da sigla, será João Barbosa Bravo.
Ligações, nos estados, dos partidos da chapa de Eymael à Presidência — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Felipe d’Avila (Novo)
O Partido Novo lançou o nome de Felipe d’Avila à Presidência, que tem o deputado federal Tiago Mitraud (Novo-MG) na vaga de vice. Com a chapa inteiramente formada por membros da sigla, o Novo não terá aliança nacionalmente. No entanto, em Minas Gerais, a candidatura à reeleição do atual governador, Romeu Zema, conta com o apoio de 9 partidos ligados a 5 chapas presidenciais: Lula, Tebet, Eymael, Bolsonaro e Roberto Jefferson.
Ligações, nos estados, dos partidos da chapa de Felipe D’ávila à Presidência — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Jair Bolsonaro (PL)
Candidato à reeleição pelo PL, Jair Bolsonaro faz parte de uma coligação nacional composta também pelo PP e Republicanos. Ele tem como vice o general Walter Braga Netto (PL). Integrantes do chamado Centrão, esses partidos transitam dentro de um amplo arco político, com conexões das mais variadas pelo país, e se aliaram nestas eleições a legendas que compõem ou apoiam outras 8 chapas presidenciais, incluindo a de Lula, Ciro, Tebet, Eymael, Pablo Marçal, Felipe D’Ávila, Soraya e Roberto Jefferson.
Ligações, nos estados, dos partidos da chapa de Jair Bolsonaro à Presidência — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Léo Péricles (UP)
O Unidade Popular (UP) escolheu o presidente da sigla, Léo Péricles, para disputar a primeira eleição presidencial do partido. Samara Martins será a candidata a vice-presidente. O UP não terá aliados nacionalmente, mas regionalmente recebe o apoio do PSOL, que está em 1 chapa presidencial, a de Lula.
Ligações, nos estados, dos partidos da chapa de Leo Péricles à Presidência — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
O PT lançou Lula como candidato à Presidência com mais 8 partidos na coligação: PSB, PCdoB, PV, Solidariedade, PSOL, Rede, Agir e Avante. Lula terá ainda o apoio informal do PCO. Em convenção, o partido decidiu que fará campanha em favor do petista, embora rejeite a escolha de Geraldo Alckmin (PSB) como vice.
Dos 32 partidos existentes no país, a chapa liderada pelo PT tem alguma relação nos palanques a governador com 26 partidos, que integram 8 chapas presidenciais: Bolsonaro, Ciro, Tebet, Pablo, Eymael, Soraya, Léo Péricles e D’Ávila. As exceções são PTB, PCB, PCO, PMB e PSTU.
Ligações, nos estados, dos partidos da chapa de Lula à Presidência — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Pablo Marçal (PROS)
O Pros registrou a candidatura do influenciador Pablo Marçal à Presidência em meio a um racha interno da cúpula do partido. Após decisões judiciais, a nova direção da sigla definiu pela retirada do nome dele. No entanto, o registro ainda constava no site do TSE até a última atualização desta reportagem.
Sem Marçal na disputa, a nova executiva do Pros pretende pedir votos para Lula. De qualquer forma, nos estados, a legenda recebe o apoio de partidos conectados a outras 4 chapas presidenciais: Tebet, Ciro, Bolsonaro e Soraya.
Ligações, nos estados, dos partidos da chapa de Pablo Marçal à Presidência — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Roberto Jefferson
Após indicar que seria favorável à candidatura de Bolsonaro à reeleição, o PTB indicou o ex-deputado Roberto Jefferson como candidato. Investigado no inquérito sobre milícias digitais, ele está em prisão domiciliar por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). O vice dele será o padre Kelmon Luís da Silva Souza. Apesar de não ter fechado alianças nacionais, o PTB recebe o apoio nos estados de partidos ligados a 5 chapas presidenciais: Bolsonaro, Ciro, Tebet, D’Ávila e Soraya.
Ligações, nos estados, dos partidos da chapa de Roberto Jefferson à Presidência — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Simone Tebet
A senadora Simone Tebet (MS) montou uma coligação composta pelo seu partido, o MDB, além do Podemos, PSDB e Cidadania. A chapa tem a também senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) como vice. Nas campanhas a governador, porém, o MDB dividirá o palanque com legendas que têm aliança com 8 chapas presidenciais: Bolsonaro, Lula, Ciro, Eymael, Pablo, Roberto Jefferson, Soraya e D’Ávila.
Ligações, nos estados, dos partidos da chapa de Simone Tebet à Presidência — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Sofia Manzano
Sem partidos aliados, o PCB oficializou a candidatura de Sofia Manzano à Presidência. Antônio Alves será o candidato a vice. Nos estados, o partido não estará no palanque de nenhuma legenda que integra outra chapa presidencial adversária.
Ligações, nos estados, dos partidos da chapa de Sofia Manzano à Presidência — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Soraya Thronicke
A senadora Soraya Thronicke (MS) é a candidata do União Brasil ao Palácio do Planalto. Em uma chapa pura, a legenda irá concorrer com o economista Marcos Cintra de vice. Nos palanques aos governos estaduais, o União receberá ou dará apoio formal ou informal a nomes de partidos que estão 6 chapas presidenciais: Lula, Bolsonaro, Ciro, Tebet, Eymael e Roberto Jefferson.
Ligações, nos estados, dos partidos da chapa de Soraya Thronicke à Presidência — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Vera Lúcia
O PSTU vai para a disputa com a operária Vera Lúcia. Sem aliados, o partido escolheu a indígena Raquel Tremembé como candidata a vice. Nos estados, o partido também não fechou alianças.
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