O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Augusto Xavier, está sendo investigado por ter sido conivente com um servidor do órgão, suspeito de arrendar ilegalmente terras indígenas no Mato Grosso. Com autorização da Justiça, a Polícia Federal interceptou uma ligação de Xavier. Nela, ele oferece apoio para Jussielson Silva, ex-fuzileiro naval e ex-chefe da Funai no município mato-grossense de Ribeirão Cascalheira e que, inclusive, já está preso.
A conversa teria acontecido em janeiro deste ano. O jornal O Globo divulgou e a reportagem do Metrópoles teve acesso ao áudio e confirmou o teor.
Na ligação entre Jussielson e Xavier, na ocasião, o criminoso reclamou para o presidente da Funai sobre uma visita que a Polícia Federal havia feito. Os policiais o questionaram sobre denúncias de fazendeiros que alugavam pastos para gados, dentro da reserva indígena Marãiwatsédé. O arrendamento de terras indígenas é crime desde 1973.
“Deixa eu te falar uma coisa: eu falei agora com o chefe da delegacia aqui e me parece que eles estão com uma má vontade enorme”, disse o presidente da Funai em conversa com Jussielson. “Eu vou dar ciência já do caso ao corregedor lá de Mato Grosso, ao corregedor nacional da Polícia Federal aqui e já vou acionar nossa corregedoria pra atuar nisso aqui. Pode ficar tranquilo”, assegurou Xavier.
O criminoso respondeu a Xavier: “Sim, eu agradeço porque a gente está na ponta da lança. O senhor é o meu apoio de fogo. O senhor me protegendo, fico mais feliz ainda”. Marcelo Xavier completa,dizendo que ele poderia ficar tranquilo, porque tinha nele uma “sustentação”.
Foi por uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que Jussielson Silva e outros dois investigados foram presos pelos crimes de peculato e associação criminosa, entre outros. Os acusados tinham responsabilidade por cerca de 70 mil cabeças de gados espalhadas por 42 pontos da reserva.
A gravação da conversa entre Marcelo Xavier e Jussielson silva faz parte de um inquérito que a PFencaminhou à Justiça Federal. Nele, entre outras considerações, o delegado Mário Sérgio de Oliveira diz que há indícios que permitem “inferir uma disposição por parte do presidente da Funai em interferir no trabalho investigativo da Polícia Federal”.
A reportagem entrou em contato com a Funai, mas até a última atualização desta matéria, não havia resposta. O espaço permence aberto.
Fonte: Metrópoles
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