Cassada sob acusação de ter operado um esquema de rachadinha e sem conseguir registro de candidatura nas eleições deste ano, a ex-vereadora Edna Sampaio fez uma análise geral da derrota do Partido dos Trabalhadores (PT) no pleito municipal. Durante a reunião ampliada do Diretório Municipal do PT para avaliação das eleições de 2024, ela usou o evento para “lavar a roupa suja”, no último sábado (14) e disse que o partido foi o grande protagonista das derrotas sofridas em Cuiabá e em todo o Estado.
Outras lideranças do partido, como o deputado Lúdio Cabral, que disputou a Prefeitura de Cuiabá, mas perdeu no segundo turno para o bolsonarista Abilio Brunini (PL), e o vereador Robinson Cireia, que herdou a cadeira deixada por Edna após sua cassação no Legislativo Cuiabano, também participaram do evento.
“Eu estou aqui para desafinar o coro dos contentes porque eu acho importante na nossa casa a gente poder fazer a problematização de um processo tão importante como esse. Fico muito feliz, Lúdio, a campanha foi linda, ativou a militância, acho que você teve um desempenho extraordinário nessa eleição. Agora eu vejo que nós tivemos uma tática de não reforçar o PT para ampliar nossa votação, algo que concordo, foi uma estratégia inteligente, importante e necessária e foi isso que fez sua votação avançar”, discursou a ex-parlamentar.
Durante a campanha de Lúdio Cabral, o petista tentou se distanciar de seu partido o máximo que pôde, parando de usar o vermelho e a estrela no peito. Ele tentou consolidar sua base com promessas voltadas para a inclusão social e a melhoria dos serviços públicos. A estratégia dele virou pauta nacional, mas mesmo de forma expressiva, ele não conseguiu vencer Abilio Brunini.
Edna o parabenizou, mas disse que o PT não pode continuar adotando essa prática pós-eleição. “Nós temos que tomar o cuidado de não continuar com essa tática pós eleição porque o que nos derrotou foi o próprio PT e não podemos esquecer disso. É importante admitir a nossa derrota nas eleições, isso vai nos permitir avaliar com mais produtividade os erros que cometemos e não repeti-los”, disse.
Além disso, Sampaio voltou a relembrar sua cassação sob acusação de operar um esquema de rachadinha no gabinete com sua ex-chefe de gabinete, Laura Natasha Abreu. A ex-vereadora disse que foi golpeada pelos bolsonaristas da Câmara Municipal, e que o partido dela foi omisso. “Ao longo do meu mandato eu fui golpeada pelos bolsonaristas, fascistas de lá. Não dá pra não dizer que o PT foi omisso com relação ao que aconteceu comigo e que isso reforçou a ideia ou o imaginário popular de que o PT é vinculado à corrupção”, avaliou.
Se colocando como protagonista da derrocada do PT, Sampaio disse que muitas lideranças e candidatos acreditavam que tirá-la do pleito poderia ter uma substituição. “Nós não podemos fazer com que nossas disputas internas, nossas tendências nos façam derrotados, assim como fizemos na eleição de 2022. Por isso discordo do Lúdio quando ele diz que faltou diálogo com a comunidade porque a votação que tivemos foi a expressão do diálogo que tivemos”, disparou a petista,
Por fim, Edna terminou seu desabafo dizendo que candidatos que tiveram apoio de deputados tiveram quase o mesmo número de votos que a candidata dela, Dayelle, e que isso significa que o PT não consegue transferir votos à chapa proporcional. Ela ainda alfinetou que a sua cassação foi uma espécie de ‘fogo-amigo’ ou seja, teria partido de dentro do partido.
“O PT foi o grande protagonista da derrota que sofremos, a começar pela minha cassação que partiu de dentro de um dos mandatos aqui do nosso partido cujo processo de golpe contra mim não aconteceria se não tivesse a colaboração, lamentavelmente, de companheiros nossos aqui. É importante entre nós falarmos a verdade”, finalizou.
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