O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques é aguardado nesta terça-feira (20), a partir das 9h, para prestar o primeiro depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.
Vasques deverá ser ouvido na condição de testemunha, a partir do requerimento apresentado pela relatora do colegiado, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
No documento, a parlamentar cita que deseja ouvir explicações sobre as blitze ocorridas durante a realização do segundo turno das eleições do ano passado.
A suspeita é de que as operações tenham sido feitas de maneira deliberada com o objetivo de atrapalhar a movimentação de eleitores nos locais em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava à frente nas pesquisas eleitorais contra o então presidente Jair Bolsonaro (PL).
No requerimento da relatora, são solicitadas informações sobre o processo em Vasques se tornou réu por improbidade administrativa. Ele é acusado de uso indevido do cargo que ocupava, bem como de símbolos e imagem da instituição policial durante as eleições presidenciais.
“Tal como proposto no plano de trabalho apresentado a esta comissão, pretende-se que as nossas atividades se iniciem com a dissecação dos fatos que norteiam importantes datas, consubstanciadas em oitivas e requerimentos de informações, a partir das quais se espera, como natural desdobramento, a investigação dos demais fatos elencados no requerimento que embasou a instauração desta CPMI”, justifica Eliziane.
Entenda o caso
Em 30 de outubro de 2022, a PRF realizou mais de 500 operações no transporte de eleitores em diversas estradas do país. As ações foram suspensas após pedido da Justiça Eleitoral.
À época, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, afirmou que as operações não impediram eleitores de chegarem aos seus locais de votação. Apesar disso, eleitores relataram dificuldade em chegar aos locais de votação.
Em maio, a CNN teve acesso com exclusividade ao material, com ao menos 20 slides, em que Vasques apresenta dados das operações da PRF no segundo turno das eleições e compara com ações de anos anteriores, além de elencar motivos pelos quais o Nordeste teve mais abordagens a ônibus.
Quem é Silvinei Vasques
Natural de Ivaiporã, Paraná, Vasques, que pertence aos quadros da PRF desde 1995, exerceu atividades de gerência e comando em diversas áreas do órgão. Ele foi superintendente nos estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro, e atuou como Coordenador-Geral de Operações.
Também exerceu os cargos de Secretário Municipal de Segurança Pública e de Transportes no Município de São José, em Santa Catarina, entre os anos de 2007 e 2008.
Em abril de 2021, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele foi nomeado diretor-geral da PRF.
De acordo com seu currículo, disponível no site do governo federal à época, o ex-diretor-geral é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali); em Segurança Pública pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul); e em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC).
Outros requerimentos
O colegiado deve analisar durante a sessão outros 21 requerimentos. Entre eles está a convocação do general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); e de Saulo Moura da Cunha, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Deverão ser solicitados ao Supremo Tribunal Federal (STF) todos os documentos, processos e inquéritos sobre as investigações do 8 de janeiro.
Também está na pauta a ida de Renato Martins Carrijo, perito da Polícia Civil do Distrito Federal, responsável pelo laudo que examinou o local em que foi encontrado um explosivo próximo ao aeroporto de Brasília, em 24 de dezembro.
Na próxima quinta-feira (22) duas testemunhas da ameaça a bomba serão ouvidas: George Washington de Oliveira Souza –condenado pelo ato– e Valdir Pires Dantas Filho, perito da Polícia Civil responsável por desarmar o artefato.
PT quer Marcos do Val fora da CPMI do 8/1
O Partido dos Trabalhadores (PT) deve solicitar nesta terça-feira, ao presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) fique fora da comissão.
O pedido é de autoria do deputado Rogério Correia (PT-MG), o congressista explicou que espera uma resposta positiva de Pacheco não só para o caso de Do Val, mas também para a substituição do deputado André Fernandes (PL-CE).
Ambos os oposicionistas são investigados pelos atos.
Fonte: CNN
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