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Guerra pode consolidar Brasil e Rússia como decepção dos Brics

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Países cresceram menos que o esperado nos últimos dez anos

 

Eduardo Cucolo

 

Brasil e Rússia foram as duas grandes decepções entre os Brics, grupo formado também por Índia, China e África do Sul, duas décadas após a criação do termo para designar essas economias emergentes.

As sanções impostas ao governo russo após a invasão da Ucrânia tendem a piorar uma trajetória que já se mostrava desfavorável para os dois países antes mesmo da guerra.

Como grupo, as cinco economias já respondem por quase um terço do PIB mundial, mas esse resultado se deve principalmente ao desempenho da China e, em menor escala, ao da Índia.

O acrônimo Bric (palavra que também significa tijolo, em inglês) foi criado pelo economista Jim O’Neil, do banco Goldman Sachs. Em um trabalho publicado no final de 2001, ele traçava cenários de crescimento para Brasil, Rússia, Índia e China.

Os Brics, no plural, acabaram por se tornar um grupo organizado a partir de 2009 e que conta ainda com a África do Sul desde 2011.

O’Neil estimou em 2001 que o peso dessas economias emergentes no PIB mundial passaria de cerca de 20% para 27% nos dez anos seguintes. Pela métrica do FMI (Fundo Monetário Internacional), chegou a 26,8% em 2011 e a 31,2% em 2021.

Para Brasil e Rússia, o economista estimava um crescimento anual médio de 4% nos anos seguintes. O resultado efetivo de 2002 a 2021 foi de 2,2% e 3,1%, respectivamente.

A Índia cresceu 6,6%, acima dos 5% estimados. A China teve expansão anual de 8,7%, superando a expectativa de 7%

A participação do Brasil deveria chegar a 3,2% do PIB mundial. Atualmente, está em 2,4%.

Em artigo publicado em setembro do ano passado, O’Neil afirmou que a primeira década do século foi de sucesso para os quatro países. Todos tiveram desempenho acima do projetado. Na segunda década, as participações de Brasil e Rússia no PIB mundial regrediram.

Em 2017, O’Neil já afirmava que ” Brasil e Rússia foram grandes decepções” e que o acrônimo deveria ser apenas IC (Índia e China). Naquele ano, a economia brasileira havia acabado de sair de uma das maiores recessões da história, enquanto o mundo continuava a crescer. Nos anos seguintes, o país entrou em um ritmo de baixo crescimento, de 1% ao ano na média, que se mantém até hoje.

Na média de 2022 até 2026, a taxa de crescimento do Brasil deve dobrar, mas ainda será a metade do previsto pelo economista há mais de 20 anos, segundo projeções coletadas pelo FMI.

As medidas estimativas apontavam que a Rússia deveria manter o ritmo de crescimento em torno de 3% ao ano nesse mesmo período. As sanções aplicadas àquela economia por causa da invasão da Ucrânia, no entanto, devem mudar esse cenário.

Pesquisa realizada pelo Banco Central da Rússia com economistas mostra que a inflação no país deve acelerar para 20% e que a economia pode ter uma contração de até 8% neste ano.

O banco JP Morgan também estima que o PIB da Rússia pode ter uma contração de 8% em 2022, seguida por um resultado próximo de zero no ano seguinte.

Os EUA, por exemplo, proibiram a importação de petróleo e gás russo. A Rússia também foi excluída do sistema internacional de transferências bancárias, e várias empresas estrangeiras estão deixando de operar no país.

Dentro dos Brics, as reações têm sido menos desfavoráveis. Dos outros países do grupo, apenas o Brasil votou a favor de uma resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) condenando a invasão. Os demais se abstiveram.

A China evitou condenar o presidente russo, Vladimir Putin, pela invasão, mas criticou as sanções internacionais impostas ao país.

Fonte: O Globo

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