O valor não inclui outros créditos em posse de Arcanjo no momento da Operação Arca de Noé
Documentos exclusivos obtidos pela reportagem do Midiajur mostram o valor total dos créditos em posse do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, na época de sua prisão em 2003, durante a deflagração da Operação Arca de Noé pela Polícia Federal (PF).
Segundo estes documentos, o valor total dos créditos é de R$ 311.537.654,74 quando aplicada as atualizações sobre o saldo devedor.
O valor total da dívida não atualizada é de R$ 71.274.172,52. A atualização dos créditos não incluiu a aplicação de taxa de juro sobre a dívida na data de vencimento. Se isso for, feito o valor também pode aumentar.
O valor de R$ 311 milhões também não inclui outros créditos em posse de Arcanjo no momento da operação. O “comendador”, como ficou conhecido, também possuía duplicatas, notas promissórias e outros documentos de crédito que foram apreendidos pela PF.
A atualização foi feita com base no Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), produzido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Não existem informações se o valor foi pago por alguns dos devedores depois que Arcanjo foi preso. A Justiça Federal, no entanto, já declarou perdimento toal dos bens de Arcanjo em junho de 2021, o que pode incluir os títulos de créditos apreendidos.
Algumas destas dívidas já estão sendo executadas pela Advocacia Geral da União (AGU). Na prática, os devedores de Arcanjo agora devem para a União.
Na época em que a lista foi apreendida, Arcanjo também trabalhava como factoring e realizava empréstimos legalmente. Por conta disso, não é possível afirmar se todos os empréstimos foram feitos de maneira ilegal.
Origem dos documentos
Os dados obtidos pela reportagem do Midiajur foram coletados pela Polícia Federal (PF) na casa do próprio Arcanjo, no bairro Boa Esperança em Cuiabá, em janeiro de 2003.
Os documentos mostram o poder e a influência de Arcanjo, que tinha ligações políticas intensas com o alto escalão do poder de Mato Grosso e possuía devedores em praticamente todos os setores da sociedade.
Nesta semana, o Midiajur publicará em uma série de reportagens exclusivas com todos os detalhes dos negócios de Arcanjo na época em que a lista foi apreendida. Estes documentos contam uma parte importante da história política mato-grossense.
Lista de devedores
João Arcanjo Ribeiro foi apontado pela Procuradoria da República em Mato Grosso como líder do jogo do bicho no estado. O volume de recursos obtidos por Arcanjo através da contravenção fizeram dele um “empresário” respeitado. A ponto de ser capaz de construir um super hotel em Orlando, nos Estados Unidos.
A lista de devedores do ex-bicheiro mostra um pouco dessa influência. Ao todo, Arcanjo tinha pelo menos 3.721 mil títulos de créditos em sua posse quando foi preso pela primeira vez na Operação Arca de Noé.
Estes títulos foram coletados e reunidos pelos agentes da Polícia Federal (PF) para possíveis investigações futuras. Os documentos foram obtidos em desdobramentos da operação realizados entre 2003 e 2004.
A maioria dos títulos de crédito são de pequeno valor. Arcanjo realizava empréstimos no final dos anos 90 e início dos anos 2000, uma época em que o Brasil vivia forte crise econômica e era comum que se procurasse por empréstimos em bancos ou empresas de factoring.
O número total de títulos de crédito (3.721 títulos) não é equivalente ao número de devedores. Isto ocorre porque em alguns casos uma mesma pessoa jurídica ou pessoa física realizou mais de um empréstimo com João Arcanjo.
A lista de Arcanjo contém nome de políticos, grandes empresários e outras importantes figuras da alta sociedade de Mato Grosso.
Fonte: MídiaJur
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