O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na noite de terça-feira (31), em São Paulo, que o PSDB “acabou” e ironizou as ameaças do presidente Jair Bolsonaro (PL) de não aceitar o resultado da eleição deste ano.
“Me prenderam achando que a gente ia ficar mais fraco e a verdade é que vocês fizeram eu sair da cadeia muito mais forte do que eu entrei. Eles achavam que iam nos tirar, que iam banir o PT”, disse Lula.
“Vocês estão lembrados que uma vez um senador do PFL, o Jorge Bornhausen, disse que era preciso acabar com ‘essa desgraça do PT’. O PFL acabou. E agora quem acabou foi o PSDB. E o PT continua forte, crescendo e continua um partido que conseguiu compor a maior frente de esquerda já feita neste país”, continuou.
Representantes da pré-campanha petista, e até mesmo o ex-presidente, no entanto, têm buscado apoio do PSDB. Lula já conversou com nomes tradicionais da legenda, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro Aloysio Nunes, que declarou que irá apoiar o petista no primeiro turno.
Lula participou do evento de lançamento do livro “Querido Lula: Cartas a um Presidente na Prisão”, no teatro Tuca, da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.
Em seu discurso de quase 40 minutos, o petista ironizou as declarações de Bolsonaro sobre as eleições. “Não adianta o Bolsonaro dizer que vai dar golpe, que ‘só Deus me tira daqui’. Como eu acredito que a voz do povo é a voz de Deus, a voz do povo vai tirar ele de lá”, afirmou.
“Estamos lutando contra gente muito ruim, contra os matadores da Marielle [Marielle Franco, vereadora do Psol assassinada em 2018], os milicianos, as pessoas que não têm medo de matar inocente, de fazer com o Genivaldo [Genivaldo de Jesus Santos] o que a Polícia Rodoviária fez em Sergipe”, disse.
Lula também voltou a criticar empresários, disse que irá se reunir com eles e com banqueiros e afirmou que eles só “pensam no dinheiro que é para reverter para eles”.
“As pessoas querem fazer reunião, os banqueiros. Eu vou fazer muitas reuniões com banqueiros e empresários. Mas eles nunca perguntaram para mim: como está o povo na rua? A fome? O desemprego? Nunca perguntam. Só perguntam ‘e o teto de gastos fiscal, vai manter ou não? E a responsabilidade fiscal? E a dívida pública?’ Porque eles só pensam no dinheiro que é para reverter para eles, não pensam nos recursos do povo”, disse.
Também participaram do evento a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, esposa de Lula.
O livro, da editora Boitempo, reúne 46 cartas que foram enviadas ao ex-presidente durante os 580 dias em que ele esteve preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Antes de discursar, o petista acompanhou do palco uma performance em que artistas como Zélia Duncan, Denise Fraga, Camila Pitanga, Tulipa Ruiz, Cida Moreira e Cleo Pires, além da vereadora Erika Hilton (PSOL-SP) e da ativista Preta Ferreira leram algumas das cartas do livro.
Dilma, Haddad e Janja também leram cartas. A socióloga leu duas cartas que enviou a Lula enquanto ele estava preso. Eles trocaram 580 cartas, uma para cada dia em que o petista ficou na Polícia Federal.
Fonte: Valor Econômico
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