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Médicos denunciam arma na mesa, bilhete para furar fila e assédio moral

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Em coletiva nesta manhã de quinta (28), o presidente do do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (SindimedMT), Adeildo Lucena, listou uma série de denúncias de médicos, que trabalham nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e policlínicas de Cuiabá. Assédio moral, arma na mesa, exaustão e furo nas escalas de plantões são apenas algumas das notificações que os profissionais da saúde expuseram. De acordo com Adeildo, cerca de 90 médicos se reuniram para denunciar a falta de qualidade na gestão das unidades de saúde pública. Um dos problemas é o furo nas escalas de plantão.

“O problema do furo das escalas, é que sobrecarrega os médicos das unidades, e deixa a população em risco, porque não tem profissionais suficientes para cumprir o atendimento de todos eles. Então o médico plantonista que está na porta de entrada, tem que interromper para atender os pacientes internados e isso deixa muita gente desassistida”, explica o advogado do sindicato, Bruno Alvares.

Adeíldo aponta que não existe uma unidade de saúde em Cuiabá que tenha médico suficiente para atender a população. Fora o desgaste emocional e físico dos médicos, quem sofre é a população, que corre risco de morte por não ter um atendimento de qualidade, já que não há profissionais para acompanhamento.

“Se vocês forem em qualquer Upa agora, como a Upa Morada do Ouro, não tem médico visitador, não tem médico de box. Isso significa o que? Que aquele médico que está no atendimento da população lá na frente, ele vai ter que sair, deixar os pacientes esperando e ir lá para poder fazer a visita desses pacientes”, completa.

Falta de segurança

“Adeildo, quando chega a hora do meu plantão, é como se dessem uma facada em mim. Porque eu vou estar sozinha lá, no desespero, uma pressão. Sem segurança. Estava lá de plantão e colocaram uma arma em cima da mesa. ‘Se ele morrer, você morre também’. O paciente disse isso para a médica. Ela me disse isso chorando”, relata o presidente do Sindimed-MT, sobre a denúncia de uma médica que foi ameaçada durante um plantão. Com a falta de médicos, o atendimento demora mais. Com isso, a população tende a se revoltar com os próprios profissionais, explica o sindicalista. O problema é ainda maior com médicas e enfermeiras.

“A população desacata o médico. Ofende, ameaça. Eles estavam falando, quando é mulher [médica], é pior ainda. Porque o cara [paciente] chega lá bêbado, drogado, pode acontecer tudo, não tem segurança”.

Até mesmo o segurança da unidade é sobrecarregado, pois precisa fazer todo o serviço da Upa ou Policlínica. “O segurança, coitado, ele é de tudo ne? Ele arruma a caixa d’agua, limpa o quintal, ele carrega paciente, porque não tem maqueiro, ele não consegue fazer a vigilância”, critica.

Assédio moral e “bilhetinhos”

Outra forte denúncia que o Sindimed recebeu é sobre os “bilhetinhos” que os médicos recebem, pelo WhatsApp ou em papel. Segundo conta, o coordenador da unidade ou políticos mandam recados para os profissionais passarem na frente do atendimento pacientes. Coordenadores também costumam perseguir os funcionários, os ameaçando constantemente de demissão.

“Os coordenadores entrando toda hora no consultório médico, para ver se tem paciente lá dentro. Se o médico vai no banheiro, eles vão atrás. Como que se trabalha com uma pressão dessa?”.

O presidente da entidade afirmou que vai ingressar com representação no Ministério Público Estadual (MPE) e na Justiça contra a Prefeitura de Cuiabá sobre as irregularidades que está denunciando.

Outro Lado

A  Prefeitura de Cuiabá afirma que prepara a realização de um processo de chamada pública para credenciamento de serviços médicos. A medida tem como objetivo suprir, de forma imediata, a necessidade apresentada pela rede pública municipal. Informa ainda que existe alta rotatividade de médicos e que o problema foi encaminhado ao MPE junto com plano de ação que é seguido rigorosamente. Pontua também que o Sindimed-MT participa das discussões que buscam solucionar os problemas.

 

Fonte: RDNews

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