Uma projeção do Inca (Instituto Nacional do Câncer) concluiu que o número de mortes prematuras causadas por câncer de intestino deve crescer cerca de 10% entre 2026 e 2030 no Brasil. A estimativa diz respeito a adultos de 30 a 69 anos.
A pesquisa realizada por pesquisadores do instituto foi publicada na revista Frontiers in Oncology. O levantamento considerou dados de 2000 a 2015 para projetar o número de mortes prematuras até 2030. Então, essa estimativa foi comparada com os óbitos entre 2011 e 2015. A partir de então, foi possível averiguar o aumento percentual de óbitos esperados.
Não foi só o câncer de intestino que compôs a pesquisa, mas ele foi o tumor que mais apresentou o crescimento de mortes prematuras frente aos outros. No total, estima-se que cerca de 27 mil mortes precoces a mais ocorram de 2026 a 2030 por esse tumor em comparação com os anos anteriores da pesquisa.
Na realidade, outros tipos de cânceres tiveram quedas na expectativa de quantas mortes precoces devem ocorrer. Um desses é o de pulmão, em especial na população masculina, algo que está relacionado com as políticas antifumo instauradas no país. O achado é um alerta para a melhora na atenção primária, diagnóstico precoce e tratamento adequado para que o câncer de intestino também venha a registrar queda nas mortes precoces.
“Ao tomar algumas medidas de prevenção agora, nós vamos observar lá na frente a diminuição de incidência”, afirma Marianna de Camargo Cancela, pesquisadora da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Inca (Conprev) e uma das autoras do estudo.
A análise é dividida por gêneros. Nos homens, o câncer de intestino é o que vai causar o maior número de mortes prematuras no Brasil. No entanto, o cenário é outro para as mulheres: mama e pulmão figuram em primeiro e segundo lugar, respectivamente, seguidos pelo câncer de intestino.
Segundo as estimativas do Inca para os anos de 2023 a 2025, esse tipo de câncer é um dos mais comuns no Brasil. De acordo com os dados, serão 45.630 novos casos desse tipo de tumor no país. O número representa cerca de 10% de todos os tumores que devem ser diagnosticados neste triênio quando não se considera o câncer de pele não melanoma.
O instituto inclui o câncer de intestino na categoria de tumores colorretais. A taxa para esse tipo de tumor é alta em todo o mundo, não apenas no Brasil. Entre homens brasileiros, apenas o câncer de próstata terá prevalência maior nos próximos três anos. Nas mulheres, os cânceres colorretais também estão em segundo lugar em prevalência no país, ficando abaixo somente do câncer de mama. Em anos anteriores, o tumor não figurava como o segundo mais comum no país.
Outra alteração observada sobre esse tipo de câncer é o aumento de casos entre os jovens brasileiros. Tumores colorretais costumam ser diagnosticados em pessoas mais velhas, e por essa razão se recomenda fazer exames de rastreamento a partir dos 45 anos. Mas o aumento dos diagnósticos entre os mais jovens tem preocupado especialistas, até porque é uma dúvida ainda em aberto.
As razões para o aparecimento de um câncer nessa região do corpo são várias —questões hereditárias é uma delas. Idade avançada também é um fator de risco. Além disso, é importante estar atento à alimentação: quanto mais rica em gorduras, alimentos ultraprocessados e carnes vermelhas for a dieta, maior a chance de surgimento do tumor. Por outro lado, uma alimentação rica em fibras é um fator preventivo, assim como a prática regular de atividades físicas.
O ideal é também ficar atento a alguns sintomas que podem ter associação com o câncer. Sangue nas fezes e dor na evacuação são exemplos que normalmente aparecem quando o tumor está mais próximo do reto. Enquanto isso, sinais mais inespecíficos, como dor abdominal e fraqueza, tendem a surgir quando o câncer está mais distante do reto.
Mas é somente com exames que um diagnóstico correto será feito. A principal ferramenta para isso é a colonoscopia, um tipo de endoscopia que avalia todo o intestino grosso. Se houver suspeita de um tumor, uma biópsia deve ser realizada para confirmar se é um caso de câncer ou não.
O diagnóstico precoce é importante porque aumenta as chances de cura por meio de cirurgia de remoção do tumor. Em alguns casos, quando a doença é detectada no início, células ainda benignas podem ser removidas antes de evoluírem para um tumor maligno.
Por outro lado, se o câncer já se espalhou por outros órgãos, a quimioterapia é essencial.
Fonte: Folha
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