Alice Terezinha Artuso, filha do desembargador João Ferreira Filho, afastado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) após uma determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), é um dos alvos da segunda fase da Operação Sisamnes, deflagrada nesta sexta-feira pela Polícia Federal. Ela foi encaminhada para a sede da instituição em Cuiabá após os agentes, no cumprimento do mandado de busca e apreensão em sua residência, encontrarem substâncias análogas a entorpecentes na casa.
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta a 2ª Fase da Operação Sisamnes, com o objetivo de investigar o crime de lavagem de dinheiro decorrente do esquema de venda de decisões judiciais revelado com a deflagração da 1ª Fase, em 26 de novembro deste ano. Em Cuiabá, os agentes foram às ruas para cumprir um mandado de busca e apreensão em endereço ligado à assessora do desembargador João Ferreira Filho, investigado no caso.
O magistrado foi alvo de busca em uma etapa anterior da operação. A casa de Alice Terezinha Artuso também foi alvo de mandados de busca e apreensão.
Ela, que já atuou como servidora do Poder Judiciário, está lotada na gerência de Manutenção e Serviços Gerais da Assembleia Legislativa de Mato Grosso desde fevereiro de 2022. No cargo de gerente de manutenção, ela recebe um salário mensal de R$ 9.311,76. Ela prestou depoimento na Polícia Federal e foi liberada.
Operação Sisamnes
Segundo as investigações, foram detectadas sucessivas operações imobiliárias suspeitas promovidas pelos investigados, com aparente propósito de dissimular a origem ilícita do dinheiro utilizado para financiar a compra de imóveis residenciais e de veículos. Por determinação do Supremo Tribunal Federal, são cumpridos mandados de busca e apreensão, afastamento das funções públicas de servidores do Poder Judiciário, proibição de contato e saída do país, recolhimento de passaportes, além do bloqueio de R$ 1,8 milhão dos investigados e o sequestro dos imóveis adquiridos por um magistrado.
O nome da operação faz referência a um episódio da mitologia persa, durante o reinado de Cambises II da Pérsia, que narra a história do juiz Sisamnes. Ele teria aceitado um suborno para proferir uma sentença injusta.
Em agosto, os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho foram afastados das funções no Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJMT), por suspeita de envolvimento em vendas de decisões judiciais. Em 26 de novembro, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas dos dois desembargadores, durante a Operação Sisamnes, em Cuiabá. A PF também prendeu o lobista Andreson Gonçalves, apontado como intermediário das vendas. Segundo a polícia, a operação investiga os crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e vazamento de informações sigilosas.
Desde então, os desembargadores Sebastião Moraes e João Ferreira estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica. Eles também tiveram os passaportes apreendidos, além de bloqueio de bens e valores.
Caso Zampieri
O advogado Roberto Zampieri foi morto com 10 tiros dentro do próprio carro em frente ao escritório. Ele foi surpreendido por um homem de boné, que disparou pelo vidro do passageiro, e fugiu em seguida. Segundo a Polícia Militar, o advogado saía do escritório que trabalhava quando o crime aconteceu.
O delegado da Polícia Civil, Nilson Farias, disse que o atirador aguardava o advogado na frente do escritório e que a vítima tinha um veículo blindado há mais de 5 anos. Conforme as investigações, foi verificado que existe uma demanda de duas fazendas em Paranatinga, a 411 km de Cuiabá, avaliadas em cerca de R$ 100 milhões, e que a perda dessas propriedades na Justiça teria levado Aníbal a mandar matar o advogado. Além disso, o mandante desconfiava de uma suposta aproximação de Zampieri com o desembargador do caso.
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