A uma semana para o segundo turno das eleições, os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) traçam as últimas estratégias desta reta final. Tanto a campanha do atual presidente quanto a do petista estão focadas em segmentos considerados primordiais para uma eventual vitória.
Levantamento do Metrópoles com base nas intenções de voto dos dois candidatos em grupos do eleitorado aponta que o ex-presidente e o titular do Planalto têm disputado, de forma acirrada, os votos dos indecisos. A reportagem considerou as três rodadas divulgadas pelos institutos Ipec e Datafolha para o segundo turno e analisou as mudanças entre sete segmentos:
- população de baixa renda com salário de até dois salários mínimos;
- mulheres;
- jovens de 16 a 24 anos;
- católicos;
- evangélicos;
- regiões Nordeste e Sudeste.
“A gente está vendo uma diferença entre Lula e Bolsonaro de cerca de dois por cento dos votos válidos. E quando a gente olha, o percentual de votantes indecisos também é de dois por cento. Ou seja, os indecisos são exatamente a diferença que um candidato tem do outro. Isso pode funcionar como um ponto de virada”, explica Eduardo Galvão, analista político e professor de Relações Institucionais do Ibmec Brasília.
Mulheres
Segundo Danilo Morais, professor de ciências políticas do Ibmec Brasília, “as dificuldades de crescimento no eleitorado feminino se relacionam ao empobrecimento médio da sociedade, à retórica armamentista violenta e ao forte apelo sexista da gestão Bolsonaro”.
“Nesse domínio, o trunfo tem sido a primeira-dama, numa estratégia mais endógena, orientada a mulheres evangélicas e, justo por isso, com potencial limitado. Dificilmente veremos sobressaltos aqui, a não ser que os números do consignado do Auxílio Brasil sigam escalando na velocidade assustadora dos últimos dias, já que o público majoritário destes empréstimos é feminino e com alta rejeição ao presidente”, pontua.
- Datafolha
Se considerado o segmento feminino avaliado pelo Datafolha, Lula e Bolsonaro avançaram na mesma proporção e dentro da margem de erro, acumulando 51% e 42% entre esse público, respectivamente. Os dois ganharam um ponto percentual cada um entre as mulheres ao mesmo tempo que a porcentagem de nulos e brancos recuou dois pontos. Eleitoras indecisas ficaram estáveis.
- Ipec
Já a pesquisa Ipec aponta que Lula recuou dois pontos – dentro da margem de erro – entre as primeira e terceira rodadas do levantamento, de 53% para 51%. O percentual de eleitores que disseram que votariam branco ou nulo cresceu dois pontos dentro da margem de erro e o de indecisos cresceu um (de 2% para 3%).
O presidente Jair Bolsonaro, que tem se empenhado em reduzir a rejeição entre o eleitorado feminino, permaneceu estável nas três rodadas de pesquisa, com 40% das intenções de voto.
Evangélicos
Bolsonaro sempre teve grande apoio dos evangélicos. Na tentativa de diminuir a vantagem do adversário, Lula fez um aceno ao segmento e entregou uma carta a evangélicos, na qual voltou a se posicionar sobre legalização de drogas e do aborto. As pesquisas divulgadas até o momento, no entanto, não mediram o impacto do esforço do petista.
- Datafolha
Entre o eleitorado evangélico, o Datafolha apontou queda de Lula de três pontos para além da margem de erro. Segundo as pesquisas divulgadas após o primeiro turno, o petista caiu de 31% para 28%.
Bolsonaro, por outro lado, aumentou quatro pontos, indo de 62% para 66%. Segundo a pesquisa, a alta foi captada graças à queda nas intenções de votos brancos e nulos (-2).
- Ipec
Já o instituto Ipec revelou que Lula cresceu um ponto dentro da margem de erro entre o mesmo segmento, indo de 31% para 32%, enquanto Bolsonaro caiu também um ponto (61% para 60% dentro da margem de erro).
Católicos
- Datafolha
Segundo o Datafolha, Lula ampliou sua vantagem entre os católicos para além da margem de erro de dois pontos do levantamento, indo de 55% para 58%. A alta foi motivada pelas intenções de votos brancos e nulos, que caíram dois pontos, e de indecisos (-1%). Bolsonaro também recuou entre o eleitorado, oscilando, dentro da margem de erro, de 38% para 37%.
- Ipec
Pesquisa Ipec, por outro lado, aponta que Lula recuou entre o eleitorado católico, ao contrário do que mostrou o Datafolha. Segundo o levantamento, o petista caiu três pontos, indo de 59% para 56%, além da margem de erro de dois pontos.
O Ipec também apontou que Bolsonaro diminuiu a vantagem entre os dois e foi de 36% para 38% entre os três levantamentos divulgados. As intenções de votos brancos e nulos aumentaram dois pontos. Indecisos se mantiveram estáveis.
O Ipec também apontou que Bolsonaro diminuiu a vantagem entre os dois e foi de 36% para 38% entre os três levantamentos divulgados. As intenções de votos brancos e nulos aumentaram dois pontos. Indecisos se mantiveram estáveis.
Nordeste
Berço eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, o Nordeste garantiu mais de 21 milhões de votos ao petista. Bolsonaro, por outro lado, teve mais de 8,7 milhões. A diferença, portanto, foi de quase 13 milhões de votos.
Lula venceu em todos os estados da região e tem tentado fidelizar cada vez mais o voto dos nordestinos. Nas últimas semanas, Bolsonaro escalou a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) para fazer um tour pelo Nordeste em busca de mais votos.
- Datafolha
A mais recente pesquisa Datafolha revelou que Lula e Bolsonaro cresceram um ponto percentual cada um entre o eleitorado nordestino. O petista, no entanto, tem vantagem entre o segmento (67%), enquanto o atual presidente tenta diminuir a diferença (29%). O avanço dos dois candidatos foi captado por meio das intenções de voto em branco ou nulo, que caíram dois pontos entre a primeira e a última rodada.
- Ipec
O Ipec, por outro lado, registrou queda de um ponto percentual de Lula entre os nordestinos (de 69% para 68% dentro da margem de erro), enquanto Bolsonaro avançou dois dentro da margem de erro (26% para 28%). Brancos e nulos subiram um ponto, e indecisos recuaram também um ponto dentro da margem.
Sudeste
O Sudeste concentra os três maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A região reúne 43% de todos os eleitores do Brasil. Bolsonaro teve 2 milhões de votos a mais que Lula no Sudeste.
Dos três estados, o único em que Bolsonaro perdeu foi em Minas Gerais, onde obteve 43,60% dos votos no primeiro turno, contra 48,29% de Lula. Dias após o resultado, o presidente foi em busca de apoio e fechou aliança com o governador mineiro, Romeu Zema (Novo). O atual titular do Palácio do Planalto também tem investido em agendas na região e já fala em uma “virada” de votos.
- Datafolha
De acordo com o Datafolha, Lula recuou um ponto (44% para 43% dentro da margem de erro), enquanto Bolsonaro avançou outros três acima da margem de erro (47% para 50%). A alta captada pelo atual presidente ocorreu, segundo a pesquisa, após queda nas intenções de votos brancos e nulos (-2%) e indecisos (-1%).
- Ipec
O instituto Ipec, por sua vez, mostrou que o petista perdeu três pontos entre o segmento, indo de 47% para 44% acima da margem de erro. Bolsonaro avançou um ponto dentro da margem de erro na região Sudeste (45% para 46%). Brancos e nulos aumentaram dois pontos e indecisos se mantiveram estáveis entre o primeiro e o terceiro levantamentos.
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